Como a Profissão do Seu Cônjuge Pode Influenciar a Sua Aposentadoria?

side view of a farmer standing in cultivated corn crops field

A aposentadoria rural é um direito essencial para quem trabalha com agricultura e pecuária. 

No entanto, se o cônjuge trabalha na cidade, isso pode complicar o processo. 

Neste artigo, iremos explicar como provar que o seu trabalho rural é independente e não é afetado pelo trabalho urbano do seu cônjuge, e oferece soluções para evitar problemas na sua aposentadoria.

Aqui, você irá ler mais sobre:

  1. Introdução
  2. Diferença entre Trabalhadores Urbanos e Rurais
  3. Por Que é Importante Garantir os Direitos dos Trabalhadores Rurais 
  4. Como a Profissão do Seu Cônjuge Pode Afetar a Sua Aposentadoria Rural
  5. Entenda as Dificuldades Que Trabalhadores Rurais Enfrentam 
  6. Como Resolver Esses Desafios?

A aposentadoria rural pode ser uma realidade, entenda mais aqui!

1.Introdução

A aposentadoria rural é essencial para reconhecer a importância dos trabalhadores do campo na economia e na sociedade. 

No entanto, se o seu cônjuge tem um emprego urbano, isso pode afetar negativamente seus benefícios de aposentadoria rural. 

Esta situação pode criar desigualdades e injustiças, exigindo uma análise cuidadosa e soluções adequadas.

Nossa pesquisa é baseada na Constituição Federal Brasileira de 1988 e na Lei 8.213 de 1991, que regula a Previdência Social, e nos entendimentos da Turma Nacional de Uniformização.

2.Diferença entre Trabalhadores Urbanos e Rurais

Os trabalhadores urbanos geralmente contribuem para regimes previdenciários mais organizados e abrangentes. 

Em contraste, os trabalhadores rurais costumam depender de sistemas previdenciários mais fragmentados e menos completos. 

Isso pode resultar em grandes diferenças nos benefícios de aposentadoria entre os dois grupos, aumentando as desigualdades socioeconômicas.

Além disso, os benefícios de aposentadoria variam em valor e abrangência entre os regimes previdenciários urbano e rural.

Os trabalhadores urbanos tendem a receber benefícios mais altos porque contribuem com uma parte maior de sua renda e acumulam mais tempo de contribuição durante as suas carreiras.

Por outro lado, os trabalhadores rurais frequentemente recebem benefícios de aposentadoria mais modestos. 

Isso se deve aos níveis de contribuição mais baixos e, em alguns casos, à expectativa de vida menor nas áreas rurais. 

Essas diferenças nos benefícios de aposentadoria podem aumentar as desigualdades econômicas, deixando os trabalhadores rurais em uma situação financeira mais vulnerável.

Unrecognizable female farmers carrying crate with homegrown vegetables outdoors at community farm
Unrecognizable female farmers carrying crate with homegrown vegetables outdoors at community farm

3. Por Que é Importante Garantir os Direitos dos Trabalhadores Rurais 

As diferenças nos regimes de previdência social entre áreas urbanas e rurais mostram a urgência de criar políticas que ajudem a reduzir essas desigualdades. 

É fundamental garantir que todos os trabalhadores, independentemente da sua profissão ou onde moram, tenham acesso a uma proteção social adequada.

Para isso, precisamos de medidas que aumentem a cobertura e os benefícios dos sistemas previdenciários rurais. 

Além disso, é essencial melhorar o acesso e a informação sobre os programas de previdência social nas áreas rurais. 

Com essas ações, poderemos garantir que todos os trabalhadores tenham a segurança que merecem na aposentadoria.

4.Como a Profissão do Seu Cônjuge Pode Afetar a Sua Aposentadoria Rural

A situação financeira do cônjuge que trabalha na cidade pode ter um grande impacto na aposentadoria do cônjuge que trabalha na área rural. 

Essa relação pode levar a diversos efeitos, como a redução dos benefícios de aposentadoria ou até mesmo a perda total de certos direitos previdenciários.

No entanto, a lei sobre o assunto não é muito clara, a Lei n. 8.213/1991 e o Decreto n. 3.048/1999 não exigem que o cônjuge do segurado especial também seja um trabalhador rural.

O artigo 11, inciso VII, alínea “a” da Lei de Benefícios diz:

Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:

  1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;

(…) c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.”

Apesar do que diz a alínea “c”, que estende a condição de segurado especial ao cônjuge do produtor rural, isso não significa que, se o cônjuge for um trabalhador urbano, o direito do outro cônjuge esteja comprometido.

Em teoria, o INSS não pode exigir que todos os membros da família sejam segurados rurais. 

Para esclarecer dúvidas sobre o assunto, a Turma Nacional de Uniformização (TNU) estabeleceu teses no Tema n° 23 e na Súmula n° 41, que dizem:

Tema n. 23 TNU: “A condição de segurada especial em regime de economia familiar não é descaracterizada pelo trabalho urbano do marido da autora ou mesmo pela paga, posterior, de pensão alimentícia, em razão de separação.”

Súmula n. 41 TNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.”

Assim, de acordo com os entendimentos da TNU, mesmo que o cônjuge trabalhe em ambiente urbano, isso não significa que o outro cônjuge perderá os seus direitos.

Woman holding delivered crate with vegetales and fruit from local farmer, sustainable lifestyle
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5. Entenda as Dificuldades Que Trabalhadores Rurais Enfrentam 

Para os trabalhadores rurais que desejam se aposentar, comprovar a sua atividade no campo pode ser um grande desafio. 

Isso acontece por vários motivos que dificultam a documentação e a verificação de suas contribuições para a economia rural.

Um dos principais fatores é a informalidade. 

Muitos trabalhadores rurais atuam em atividades agrícolas e pecuárias que não são formalmente registradas. 

Isso torna difícil apresentar documentos oficiais, como contratos de trabalho ou comprovantes de pagamento, que são frequentemente necessários para provar a atividade no INSS.

Outro aspecto é a colaboração entre os membros da família nas atividades rurais. 

É comum que todos contribuam juntos para o trabalho na propriedade, o que dificulta identificar a contribuição individual de cada um e complicar a documentação do trabalho de cada membro da família.

Além disso, a renda familiar geralmente é administrada de forma conjunta, dificultando a distinção entre o trabalho do cônjuge rural e o do cônjuge urbano ou de outros familiares.

Por fim, a falta de conhecimento sobre previdência social é um grande obstáculo.

Muitos trabalhadores rurais não estão cientes dos programas disponíveis ou dos documentos necessários para solicitar a aposentadoria, o que pode levá-los a não buscarem os seus direitos.

6. Como Resolver Esses Desafios?

Diante dessa situação, a especialista em Direito Previdenciário deve analisar detalhadamente o processo administrativo que levou à negativa do pedido de aposentadoria rural. 

Muitas vezes, será necessário entrar com uma ação judicial no órgão competente para buscar o direito ao benefício.

O caso será decidido em uma audiência de instrução e julgamento, onde a advogada deve apresentar documentos e testemunhas que comprovem a atividade rural e que essa atividade não é afetada pelo trabalho urbano do cônjuge.

É importante ressaltar que esses casos são complexos, para ter uma chance de sucesso, é fundamental que o processo esteja bem preparado, com documentação robusta e testemunhas que possam validar o direito do trabalhador.

Para ajuizar uma ação, alguns exemplos de documentos que podem ser úteis incluem:

  • Contratos de arrendamento ou parceria rural;
  • Declarações de sindicatos rurais;
  • Notas fiscais de venda de produtos agrícolas;
  • Recibos de compra de insumos agrícolas;
  • Documentos de registro de propriedade rural;
  • Declarações de testemunhas.

Por isso é muito importante que, a pessoa busque a ajuda de uma advogada especialista em aposentadoria rural para ajudar a garantir um acesso justo aos benefícios de aposentadoria e assim facilitar para que a pessoa possa desfrutar de uma vida digna na velhice.

Ainda com dúvidas?

Entre em contato com a nossa equipe!

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Elisangela Coelho

OAB/RJ 199.064
OAB/ES 32062

Fundadora do Coelho Advocacia. Com uma origem humilde com vasta experiência em Direito Previdenciário e com a missão de ajudar milhares de pessoas a alcançarem os seus benefícios previdenciários.

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